quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Declaração infeliz evidencia quão longe estamos da sustentabilidade

foto O Globo - 28/12/2011
"Sustentabilidade não quer dizer que não vão ter coisas que poluem". A frase, dita ontem, 28 de dezembro, pelo prefeito do Rio Eduardo Paes, e publicada na edição do jornal O Globo de hoje, 29 de dezembro, foi forte o suficiente para me fazer postar aqui um comentário.
O  reveillon 2011 no Rio de Janeiro está cercado pela polêmica a respeito do uso do nitrato de bário, um produto químico altamente poluente, que seria o responsável pela cor verde dos fogos de artifício que marcam a virado do ano. Para esta edição, os organizadores da já tradicional queima de fogos querem iniciar a festa com uma cascata de fotos verdes, marcando a contagem regressiva para a Rio +20, proclamando o evento como Reveillon da Sustentabilidade. (Leia mais sobre o assunto aqui, aqui e aqui.)
Sobre este assunto, muitos blogs já estão se pronunciando e a Prefeitura do Rio garante que vai neutralizar a poluição e que toda a emissão de carbono será neutralizada com plantio de mudas em torno do Rio Guandu. Mas o que me chamou a atenção e não poderia deixar 2011 terminar sem destacar o fato foi justamente a fala do prefeito carioca - "Sustentabilidade não quer dizer que não vão ter coisas que poluem". Qual seria então a definição de sustentabilidade para o prefeito?
Infelizmente parece que vamos entrar em 2012 sem ter aprendido nada com 2011. O que quer dizer realmente sustentabilidade? Uma moda? Uma onda colorida? Uma estratégia de marketing eleitoreira? Usar fogos verdes parece ser um exemplo gritante de greenwashing - literalmente.
Que o ano seja realmente novo - não apenas em dias, mas principalmente em conceitos e atitudes.
Até 2012!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

2012....

Dezembro foi um mês muito atarefado, muito trabalho (o que é bom!) mas pouco tempo, especialmente para o blog (o que não é nem de longe tão bom assim).
Muitas coisas aconteceram nesses últimos dias, na área de Sustentabilidade, Responsabilidade Social e Comunicação: tivemos a COP-17, o vazamento da Chevron (e nos últimos dias, o vazamento de óleo do navio-plataforma Cidade São Paulo, da empresa Modec, na Baía da Ilha Grande, na Costa Verde Fluminense). 


Tivemos ampla cobertura dos dois primeiros assuntos, e uma cobertura já meio morna do último, principalmente em função da época do ano. Fazer jornalismo próximo a datas festivas é sempre um desafio, especialmente quando os temas envolvem questões relacionadas com sustentabilidade, já que a grande maioria da população está muito mais envolvida com preparativos para comemoração do que para ler denúncias e reportagens envolvendo meio ambiente e questões sociais.
Sustentabilidade na Comunicação também não foge deste quadro.... E entra em ritmo de festa até 2012, quando retorna com novos posts sobre RS e mídia.... 

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Qual será a atuação da sociedade civil na Rio +20?

Ainda que as previsões mais otimistas apontem que a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Rio+20, conseguirá fechar acordos mais efetivos e encontrar respostas para as questões pendentes na COP-17, encerrada no último sábado em Durban, Africa do Sul, ainda persistem muitas dúvidas sobre o evento.

Afora o desconhecimento de grande parte da população sobre o que vem a ser a Rio+20 - desconhecimento existente até entre os anfitriões da conferência - é preciso também encontrar caminhos para que a sociedade civil possa fazer sua voz ser ouvida.

O Grupo de Trabalho Rio (GT-Rio) do Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20 está organizando o II Encontro de Formação e Mobilização para a Rio+20. Uma oportunidade de entender os assuntos em discussão e as propostas da sociedade civil para uma sociedade com justiça social e ambiental. 


PS: Sustentabilidade na Comunicação está devendo uma análise do noticiário em torno da COP-17. O tempo anda escasso, mas o tema está na agenda. Assim que der escrevo um post!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

COP 17 pode desaguar (e desandar) na Rio +20

Os impasses em torno da Convenção do Clima, na reunião de Durban (a COP 17), parecem apontar para um aumento das expectativas em torno da Rio +20. Ignorando a urgência por ações imediatas, os grandes emissores - Brasil aí incluído - defendem que um novo acordo só seja implementado a partir de 2020, e não mais após 2012. A China anunciou que poderá aderir a um acordo com metas de redução de suas emissões de gases-estufa (O Globo, 3/12/2011). Há muitas dúvidas sobre a renovação do Protocolo de Kyoto e um grande pessimismo em torno dos acordos climáticos na COP 17. Sem solução à vista, o remédio seria "adiar para a Rio +20". Ou, em bom português, empurrar com a barriga.

Um texto bastante interessante sobre o assunto foi publicado pelo Estado de São Paulo na sexta, 02/12/2011. Escrito pelo jornalista Washington Novaes, um dos primeiros a realizar reportagens sobre temas ambientais no Brasil, o artigo merece a leitura exatamente porque levanta questões sobre a efetividade de Durban e até mesmo sobre o que se pode esperar em relação à Rio +20. (Clique aqui para ler o artigo).

A velha prática de resolver amanhã o que se deveria fazer hoje pode no fundo apenas dissimular que, no que se refere às questões ambientais, existe uma complexa teia de interesses econômicos, políticos e empresariais.

Com este quadro, o que podemos mesmo esperar da Rio +20?

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Belo Monte e a nova arena política - parte 2

E o movimento na web em torno da questão de Belo Monte não para. Agora são alunos de engenharia e economia da Unicamp que, motivados por um professor com formação em Engenharia Elétrica, resolveram produzir um vídeo respondendo ao Gota D'água. O novo filme, chamado de Tempestade em Copo D'Água, já foi visto por quase 100 mil pessoas no YouTube e teve  mais de 73 mil compartilhamentos no Facebook.

O movimento tem uma página na Internet - http://www.tempestadeemcopodagua.com/index.aspx, onde apontam "todos os erros e acertos do Gota D'Água". Também divulgam um artigo do professor que deu origem ao Tempestade.

Com as armas da internet, o debate parece longe de terminar. Qual será a sua repercussão em Brasília?

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Belo Monte e a nova arena política: vídeos na tela do computador

Discutir a força da Internet e dos vídeos que se tornam virais é chover no molhado. Mas o rápido alcance de  filmes como o produzido pelo Movimento Gota D"Água contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte já provocou uma reação do Governo, levantando um novo fenômeno: o debate político sai de suas arenas tradicionais e ganha os posts das redes sociais e dos emails.

Falando na abertura do Fórum Exame de Energia, em São Paulo, nesta segunda, 21 de novembro, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, criticou organizações não governamentais e estrangeiros que contestam a obra e afirmou que há um "conluio de ignorância e má-fé" contra a usina. O ministro não quis comentar diretamente sobre o Gota D'água, que já arrecadou cerca de 1 milhão de assinaturas numa petição online contra Belo Monte. O detalhe é que o vídeo não é veiculado nos meios de comunicação tradicionais, mas pelas redes sociais na internet.

Segundo Lobão, o Consórcio Norte Energia, responsável pela obra da usina, está produzindo um vídeo com informações atualizadas sobre o projeto para esclarecer a população. O consórcio mantém um blog, "Por que Belo Monte", e, evitando críticas diretas aos movimentos populares contrários à hidrelétrica, publicou em 22 de novembro um post afirmando que o debate sobre a importância da usina pede mais subsídios. Na página estão disponíveis vários vídeos com informações sobre a obra.

A visibilidade conquistada pelo Movimento Gota D'Água se apóia fortemente na presença de atores famosos, que de maneira simples e direta vão da indiferença ao questionamento, terminando por conclamar o espectador a se mobilizar.

Muito antes da produção desta peça, porém, outras vozes já apresentavam denúncias, como o Movimento Xingu Vivo para Sempre, um coletivo de organizações e movimentos sociais e ambientalistas da região de Altamira e das áreas afetadas pelo projeto que historicamente se opõem à instalação de Belo Monte no rio Xingu.

O vídeo a seguir narra uma reunião em julho de 2011,  na aldeia Piaraçu, no Mato Grosso, com mais de 300 lideranças indígenas de 18 etnias diferentes da Bacia do Xingu com lideranças do Movimento Xingu Vivo para Sempre.

Sem querer desmerecer a discussão sobre a necessidade ou viabilidade da construção de Belo Monte, um debate que sem dúvida é importante e deve envolver a sociedade brasileira, chamo a atenção para as ferramentas que a polêmica vem lançando mão. Mesmo que jornais e televisões incluam o assunto em seus noticiários, a esfera pública do questionamento e da argumentação adotou novas linguagens e formatos  - o videoclip - e novos meios - as redes sociais. A verificar, ainda, a capacidade desta mobilização virtual de transformar o real. Ou melhor: o quanto as imagens e sons que circulam na internet têm energia para deter as obras da maior hidrelétrica do mundo.



sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Acidente em Campos é semelhante ao do Golfo do México

O alerta é do Greenpeace:

Uma semana desde que foi noticiado o derrame de petróleo da empresa Chevron no Campo de Frade, na Bacia de Campos, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) finalmente se pronunciou e estima que o vazamento possa chegar a mais de 330 barris - ou mais de 50 mil litros de petróleo a cada 24 horas. Segundo o Jornal O Globo,  o acidente é até oito vezes maior do que o estimado pela petrolífera americana em seu comunicado do dia 16/11. Em vez dos 400 a 650 barris informados pela companhia, já seriam mais de três mil de barris derramados. (veja a reportagem de O Globo)

O acidente reproduz a história do vazamento da BP no Golfo do México, em 2010, e, coincidência ou não, a plataforma SEDOC 706, que perfura os três poços da Chevron de onde saiu o vazamento, é da mesma empresa que operva com a BP no episódio mexicano, a Transocean.

(para ler na íntegra o texto do Greenpeace, clique aqui)

No jornal da Band desta quinta, 17/11, o âncora Ricardo Boechat comentava que além de custar a admitir a seriedade do acidente, a Chevron ainda apresenta uma enorme dificuldade em fornecer informações. São evasivas, silêncios, negativas. A empresa simplesmente não fala. O jornalista questionou qual será a atuação das autoridades, já que no episódio semelhante, envolvendo a BP, as multas foram pesadas.

Lógico que punir a companhia e cobrar pelos prejuízos ao meio ambiente é fundamental. Cabe, porém, outra reflexão neste caso.

Em tempos em que as empresas anunciam que perseguem a transparência, o relacionamento com seus públicos e o diálogo permanente, elevando assim a Comunicação a um lugar estratégico, a Chevron parece se ancorar numa perspectiva segundo a qual o mundo corporativo dita as regras sem encontrar interlocutores que a questionem ou que a ela se contraponham.

Ao se fechar no silêncio e tatear no seu posicionamento público, a Chevron também nos indica o que acontece a uma empresa que não valoriza a Comunicação como elemento fundamental na construção de credibilidade, reputação, imagem positiva.

Um único episódio, tantas lições. Será que iremos aprender?

sábado, 12 de novembro de 2011

Eu uso apenas suor


Um homem decide correr pelado na rua, ao invés de usar roupas esportivas feitas por crianças em sweatshops. I wear only sweat (Eu uso apenas suor) é um dos 116 filmes que concorreram ao REC A<FAIR deste ano. REC A<FAIR é uma competição alemã de curtas sobre comércio justo, organizada pelo Forum Fairer Handel (Fórum de Comércio Justo), uma rede de organizações que atuam em quatro áreas: educação, princípios e critérios, campanhas de divulgação e trabalho político. Embora não tenha sido o vencedor, o filme chama a atenção para o trabalho infantil e as péssimas condições de trabalho da indústria do vestuário. As oficinas de costura são apelidadas de sweatshops  - fábricas de suor - porque em geral são ambientes nos quais os trabalhadores cumprem longas jornadas de trabalho por salários muito baixos, sem cobertura legal e sem direitos trabalhistas, muitas vezes em condições análogas a de trabalho escravo. Em locais apertados, sem janelas, com pouco espaço, os trabalhadores suam em excesso. (Para saber mais sobre sweatshops, leia esta excelente reportagem do Com Ciência, a revista de jornalismo científico do LabJor da Unicamp.
Dirigido por Manon Heugel, o vídeo está em inglês com legendas em espanhol. A dica veio do site Osocio, especializado em publicidade sem fins lucrativos e de causa.






quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Histórias de responsabilidade

Associar marca à sustentabilidade e à responsabilidade social parece um imperativo atualmente.
Mas as peças publicitárias adotaram nova estratégia: ao invés de descreverem os projetos, apresentarem números ou uma mera prestação de contas, estão privilegiando as pessoas e suas histórias.

Esta tendência desponta também em outras temáticas. A Comunicação e o Marketing parecem ter redescoberto o elemento humano como diferencial entre tantos atributos. E cada homem tem uma trajetória própria, que pode ser contada e também ser apropriada a favor de uma causa. Ou de uma marca.

Um exemplo é a série de filmes que a Ogilvy Brasil, em parceria com a Conspiração Filmes, fez para o Coletivo Coca-Cola, um projeto de responsabilidade socioambiental da empresa. O Programa Reclame, do canal por assinatura Multishow, exibiu o making-of, que pode ser assistido abaixo.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Nova data para a Rio+20 ou como o jornalismo ainda não sabe lidar com o assunto

Dilma Roussef - Exame/Sebastien Nogier/AFP
A Rio+20 deve ser adiada em 3 semanas, para não coincidir com as comemorações dos 60 anos da coroação da Rainha Elizabeth II, e para facilitar a vinda dos chefes de Estado da Ásia, que estarão no México para a próxima reunião do G20, prevista para 18 e 19 de junho de 2012. A nova data deve ser de 20 a 22 de junho.

Os motivos para o adiamento parecem claros e lógicos: garantir representatividade para a Conferência, por meio da presença do maior número possível de chefes de Estado no Rio de Janeiro. E, embora não tenha sido comentado em nenhuma das notícias que li a respeito, é louvável também que se pense na redução dos impactos ambientais com o deslocamento otimizado das delegações asiáticas na Rio+20. Curioso, porém, é fazer uma leitura rápida das manchetes dos principais jornais e sites sobre o assunto, todas datadas de 4/11/2011.

Uol:  Dilma decide adiar abertura do Rio+20 (Valor Econômico, com informações da Agência Brasil)

O Globo: Dilma pede o adiamento da Rio+20 para garantir vinda de mais chefes de Estado (único com reportagem assinada por jornalista do próprio veículo, Claudio Motta)

Folha de São Paulo: A pedidos em Cannes, Dilma concorda em mudar data da Rio+20

Exame: Após pedido da ONU, Dilma anuncia nova data da Rio+20

Terra: Após pedido da ONU, Dilma adia data da Rio+20 em duas semanas (com informações da Agência EFE)

Veja: Após pedido da ONU, Dilma anuncia nova data da Rio+20 (com Agência EFE)

Globo Rural:  Dilma altera data de abertura da Rio+20

Poder Online: No G-20, Dilma muda data da Rio+20 (Ig)

SRZD: Dilma adia data do Rio+20 a pedido do G-20

A manchete, numa notícia, tem o objetivo de chamar a atenção para a leitura, mas também de fazer uma síntese do que se trata. Se olharmos somente os títulos, uma dúvida: Dilma pediu ou determinou o adiamento? Depois, podemos ser levados a achar que a Presidente do Brasil tem o poder de adiar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, seja a pedido da ONU, do G20 ou "a pedidos". Embora no texto das notícias tenha ficado mais claro que a proposta foi um consenso entre o Brasil e a ONU, representados respectivamente por Dilma e pelo secretário geral da entidade, Ban Ki-moon, somente o Globo acrescentou uma informação fundamental neste processo: a mudança da data da Rio+20 precisava passar pelo conference bureau e depois ser aprovada pela Assembléia Geral da ONU. Foi também o único que não se limitou às informações restritas das agências de notícias, mas fez o trabalho de casa de todo repórter, ouvindo outras fontes.

Outro dado interessante é ver em que editorias as notícias saíram. Em O Globo, no impresso foi em Economia, mas no Online, em Ciência. Nos demais, saiu com as rubricas Internacional (Agência Brasil e Veja), Economia (UOL), Diplomacia (Exame e Poder Online), Ciência (Terra), TV (Folha), Meio Ambiente (Agência Brasil), Meio Ambiente/Sustentabilidade (Globo Rural). Embora a sustentabilidade seja um tema transversal, cabe perceber como cada veículo de comunicação parece enquadrá-lo numa determinada "caixinha", o que traz abordagens distintas (e eventualmente até conflitantes).

Hoje pela manhã, fiz uma busca na internet dos desdobramentos da notícia de 4/11. Até o momento, não encontrei nada - nenhuma repercussão, nem mesmo uma confirmação da nova data pela Assembléia Geral da ONU.

Este episódio nos mostra como ainda estamos longe de tratar adequadamente não só a Rio+20, mas o a própria sustentabilidade (e quiçá, até mesmo as demais notícias). Mais um bom motivo para a realização do IV Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, cuja ênfase será justamente a cobertura da Conferência (Leia mais sobre o IV CBJA aqui).

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Chegamos aos 7 bilhões... e agora?!?!?!?!

Exatamente hoje chegamos à marca dos 7 bilhões de habitantes.... Como alimentar esta população sem aumentar a desertificação? Como ter água para dar contas das necessidades de consumo direto deste número? Como construir cidades e grupamentos humanos que abriguem estas pessoas e ao mesmo tempo respeitem a natureza? Como produzir roupas, utensílios, eletrodomésticos, estradas, transportes, livros, computadores, etc, etc, etc, sem com isso aumentar a emissão de carbono e o efeito estufa?
São perguntas que não têm resposta direta e fácil, mas exigem de todos nós esforços para encontrar soluções que envolvam também a rediscussão da produção e não apenas a acusação simplista do consumo. É necessário ter em mente que o consumo é apenas uma das fases do processo da produção, e por isso não basta fazer compras conscientes ou deixar de usar sacolas plásticas, ainda que estas sejam atitudes também importantes.
Para que alguma coisa faça de fato a diferença, é necessário que as soluções sejam coletivas - tanto na sua formulação quanto na sua implantação. Quando jogamos o peso das saídas sobre os ombros das atitudes conscientes, estamos, na verdade, apenas estimulando soluções individuais, cujo impacto sobre os problemas ambientais são reduzidos.
Claro que este processo combina com o individualismo que marca a nossa época, que tem início no romantismo mas se acentua consideravelmente no final do século passado. Romper com a ênfase no indivíduo é uma aposta para que consigamos "acomodar" os 7 bilhões de seres humanos neste planeta que, ao contrário do que sempre fomos levados a acreditar, não é uma fonte inesgotável de recursos.




quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Oportunidade desperdiçada

Quando se fala em adotar práticas sustentáveis, muitos retrucam que grande parte da dificuldade deste processo reside no fato de estarmos falando, na prática, de mudanças de comportamento. O que implica não apenas em se adotarem novos pontos de vista, mas principalmente no abandono de hábitos muitas vezes arraigados.
Por isso se comenta tanto que a educação ambiental deve começar na infância, para que as crianças já cresçam com a consciência ecológica na veia. Porque reformar o que já está cristalizado, como em geral acontece com os adultos, é realmente muito difícil.
Esta percepção vale tanto para atitudes pessoais quanto para empreendimentos privados e projetos governamentais.
Um grande exemplo disso é a oportunidade desperdiçada com a reforma do Maracanã, como mostra o artigo do jornalista André Trigueiro, que saiu em O Globo e está reproduzido no site Mundo Sustentável.
No artigo, Trigueiro sustenta que o novo Maracanã já nasceu velho, porque não considerou a possibilidade de incorporar a energia solar.
"O projeto do novo Maracanã confirma a exclusão de um item absolutamente importante para que qualquer projeto de engenharia do gênero possa ser chamado de “moderno e sustentável”. Apesar do variado cardápio de estádios de futebol espalhados pelo mundo com aproveitamento energético do sol, a caríssima obra de reconstrução do Maracanã – quase 1 bilhão de reais – ignorou essa possibilidade.

Estranho que isso tenha acontecido num país onde o sol brilha em média 280 dias por ano. Ainda mais estranho que isso tenha acontecido na cidade que sediou a Rio-92, que vai sediar a Rio+20, e que está situada na mesma faixa de exposição solar que Sidney, na Austrália, que se notabilizou por realizar os primeiros Jogos Verdes da História, inteiramente abastecidos de energia solar". 
Leia aqui a íntegra do artigo.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Rio+20 é tema de Congresso de Jornalismo Ambiental


Com o objetivo de colaborar para a formação continuada dos profissionais de comunicação ambiental,  pela primeira vez um congresso da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental (RBJA) será gratuito. Com o tema Imprensa e meio ambiente: uma aliança necessária, o  IV Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental (CBJA) acontecerá de 17 a 19 de novembro na Pontifícia Universitária Católica do Rio de Janeiro e está aceitando inscrições neste link.  Os congressos, que são eventos organizados pela RBJA desde 2005, têm intenção de estimular a interação entre todos os que trabalham com pautas socioambientais no Brasil. A ênfase do IV CBJA será a cobertura da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio + 20, a ser realizada na capital fluminense em junho de 2012. 

Além desse tema, outros assuntos estão previstos no congresso, como impactos das mudanças climáticas, uso de redes sociais no jornalismo, economia verde e espiritualidade. Haverá ainda um Encontro da Red Latino-Americana de Periodismo Ambiental, que reúne jornalistas que atuam com pautas ambientais e de sustentabilidade em toda a América Latina; I Encontro Nacional de Pesquisadores em Comunicação Ambiental; o I Encontro Nacional da Rede Brasileira de Informação Ambiental (Rebia); uma mostra científica sobre Comunicação Ambiental, oficinas e mini-cursos.
De acordo com os organizadores, o IV CBJA será carbono negativo, pois serão plantadas mais árvores que o necessário para a neutralização das emissões de carbono do evento, que ainda adotará práticas ecoeficientes e produtos reciclados.
Uma excelente oportunidade para jornalistas e estudantes de jornalismo e comunicação.


http://cbja-rio2011.com.br/

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Porque a Ação deve vir antes da Comunicação ou Debate no Interseção

Logo mais à noite, participo do debate Publicidade e Responsabilidade Social, dentro da programação do Interseção 12, um evento promovido pela Escola de Comunicação da UFRJ (Veja mais neste link), ao lado de  representantes do Ibase.
A proposta do Interseção é ser um evento "onde mercado e universidade se encontram". O tema deste ano é Publicidade levada ao limite. Uma semana com os desafios de uma década. Muito oportuno que a programação tenha escolhido a responsabilidade social como um dos desafios, e principalmente como o tema que abre a semana. Nos últimos anos, tem crescido o número de marcas que se associam a conceitos verdes, ecológicos, sociais, sem que isto seja questionado ou discutido de forma mais aprofundada.
Um dos pontos que vou levar para o debate é que, em relação à sustentabilidade e à responsabilidade social, a ação deve vir antes da comunicação. Portanto, não basta fazer uma propaganda bonitinha e bem feita, dizendo que a marca tem atributos de responsabilidade social, se na prática a história é bem diferente.
Isso porque toda marca que busca esta associação também fica mais exposta. Em tempos de multiplicidade de interlocutores, em que temos tantas vozes falando simultaneamente - algumas positivamente, outras, não - quando uma empresa se autoproclama socialmente responsável ela deve ficar atenta a todas as suas conexões.
Um exemplo do que acontece quando nem tudo é como a propaganda diz é o caso Dove, produzido pela Unilever.
Em 2007, a Unilever lançou exclusivamente na internet o filme Onslaught (Massacre) que alertava as mães sobre a pressão sofrida pelas filhas com os padrões estéticos, alinhado ao conceito da marca "Real Beleza Dove".

Imediatamente, o Greenpeace criou um filme-protesto, chamado Onslaughter Dove (Dove Massacrador).


Foi o suficiente para levar a Unilever a assumir o compromisso de ter 100% de sua produção de palma oriunda de fontes sustentáveis até 2015.

O que mostra que em se tratando de responsabilidade social, o uso de associações sem um respaldo forte da cadeia produtiva pode virar a mesa contra a marca. Ou, em outras palavras, adotar uma postura responsável não deve ser traduzido apenas por um posicionamento de comunicação. Precisa ser uma atitude estratégica e que de fato leve a mudanças na forma de produção, distribuição e comercialização de produtos e serviços. Se isso é possível realmente já é assunto para outro post. Ou para o debate desta noite. ;)


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Viral de água mineral francesa reúne striptease e marketing social

A empresa de água mineral francesa Contrex lançou recentemente uma campanha publicitária com um apelo sexual e ao mesmo tempo com um viés de marketing social. Algumas bicicletas ergométricas foram colocadas em uma calçada e ligadas a uma parede que continha luzes e eram acesas através da energia criada pelo pedalar das bicicletas. O filme original em francês já foi visto por mais de 5 milhões de pessoas desde que foi postado, há um mês, e circula nas redes sociais, como um viral. 


No texto que postou no YouTube, junto com o filme da ação publicitária, a Contrex diz o seguinte:
 "Todos os anos, as revistas nos anunciam uma nova dieta milagrosa. E, a cada vez, a mesma constatação: a dieta milagrosa não funciona.
Para emagrecer eficazmente e de maneira durável, não existe milagre, é necessário adotar uma dieta equilibrada, beber água e fazer exercício regularmente.
Vontade de desistir? É aqui que entra seu parceiro emagrecedor. Emagrecer sem se forçar, de maneira divertida e lúdica é possível".


Não tenho como afirmar que a proposta inicial da Contrex tenha sido de criar uma ação de marketing social. Mas ainda que seu objetivo final seja somente alavancar as vendas da água mineral, vinculando-a atributos como diversão, alegria, saúde, podemos considerar que há também nesta ação uma proposta de mudança de comportamento, empregando as ferramentas do marketing tradicional. E aqui entra o conceito de marketing social, cunhado por Philip Kotler e Gerald Zaltman em 1971.


Segundo estes dois teóricos do marketing, marketing social é “a criação, implementação e controle de programas calculados para influenciar a aceitação de ideias sociais e envolvendo 
considerações de planejamento, precificação, comunicação e distribuição de produtos e 
pesquisa de marketing”.


Há mundialmente uma preocupação com o aumento da obesidade e da incidência de doenças como diabetes e hipertensão, em muitos casos associadas à alimentação pouco nutritiva e ausência de exercícios.  Ao produzir uma ação publicitária que reúne três pontos importantes no controle do peso e na manutenção da saúde - alimentação balanceada, ingestão de água e prática de exercícios físicos - a Contrex se alinha à esta definição de Kotler e Zaltman, propondo uma mudança de comportamento de forma divertida.


O curioso é que a mesma ação poderia ser empregada para falar de energias alternativas e de incentivo ao uso da bicicleta, numa clara amostra que para tratar de sustentabilidade não é necessário ser um ecochato.


Confira o vídeo aqui e comente!









quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Plágio e sustentabilidade

No meio artístico, plágio rende processos judiciais e envolve questões como censura, indenizações financeiras, retratações, etc. No meio universitário, embora venha crescendo significativamente, nem sempre é fácil identificar quando ocorre, muito menos se vêem as consequências sendo exemplarmente punidas.
Alguns professores defendem que é na graduação que o problema começa, e por isso é neste momento da formação dos jovens profissionais que se deve intensificar o combate e o debate sobre o assunto.
Uma ferramenta para isso pode ser este vídeo, produzido pela Biblioteca da Universidade de Bergen, Noruega, que trata o tema com humor mas ao mesmo tempo com seriedade. A indicação foi do professor Richard Romancini.


Mas o que plágio tem a ver com sustentabilidade? Com responsabilidade social? A meu ver, tudo. Porque ser sustentável, antes de mais nada, é uma mudança de atitude, que implica respeito ao Outro - e neste Outro, podemos incluir todos os seres vivos que nos cercam, em suas mais diferentes formas, a natureza, o espaço, as relações... e, claramente, também a produção alheia.
Ao mesmo tempo, o plágio funciona como um encurtador de URL no Twitter - abrevia o pensamento de quem o pratica. Mas se no Twitter é providencial diminuir um link, para que ele caiba nos 140 caracteres de um tweet, para a produção do conhecimento não funciona. Encurtar o pensamento é um passo para a atrofia. E o pensamento, se não for estimulado, não evolui, não cria o novo, não transforma.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Bradesco é a quarta empresa mais verde do mundo

De acordo com o ranking das empresas mais verdes do planeta, elaborado pela revista norte-americana Newsweek desde 2009, o banco brasileiro Bradesco figura na quarta posição mundial, com um índice verde de 82,2%, conforme os parâmetros estabelecidos pela publicação.
Segundo a Newsweek, os números do Bradesco são os seguintes:
Impacto Ambiental: 88,1%
Gestão Ambiental: 82%
Transparência e Divulgação: 56,3%

Newsweek/Getty Images
Na observação sobre a posição da instituição financeira no ranking, a Newsweek afirma o seguinte: "O banco tem uma área de Gestão de Crédito de Carbono, a qual oferece financiamento para empresas que desejem implantar projetos para reduzir suas emissões de gases do efeito estufa. Entretanto, o programa é tão avançado para o Brasil que não é fortemente utilizado. O banco defende a ecoeficiência, se esforçando para 'criar mais valor com menos impacto ambiental'. O Grupo de Trabalho de Ecoeficiência estabeleceu um Plano Diretor em 2010, com metas para os próximos cinco anos. Nesse mesmo ano, a empresa reciclou mais de 1,9 milhão de toneladas de papel e economizou 15 milhões de boletos de cobrança por causa do sistema de débito direto autorizado. O banco também emitiu mais de 200 mil cartões de PET reciclado desde 2008."

Das 15 empresas mais verdes do mundo, um terço são instituições financeiras. Sem  operações industriais e com cadeias produtivas bem limitadas, bancos e companhias de seguros tendem a apresentar um impacto bem inferior ao de complexos siderúrgicos, mineradoras ou plantas fabris. Tanto que a empresa que está no topo do ranking é uma resseguradora alemã, a Munich Re.

A lista das 15 empresas mais verdes do mundo está aqui e a reportagem começa neste link.

A Newsweek também divulga um ranking das empresas mais verdes dos Estados Unidos, que ocupam apenas duas posições da listagem mundial (com a IBM, no segundo lugar, e a HP, no 15º). Para ler toda a reportagem em torno do Green Rankings 2011 da Newsweek, acesse este link.





quinta-feira, 13 de outubro de 2011

RSC e Wall Street

Olhando as fotos dos protestos nos Estados Unidos, especialmente os de Nova York, não consigo deixar de pensar nas semelhanças deste movimento (?) com o conceito de Responsabilidade Social.

Responsabilidade social é um daqueles conceitos-ônibus, para usar uma expressão do sociólogo Pierre Bourdieu, isto é, um daqueles tipos de conceito para todos, que servem a vários propósitos e se encaixam a diversos usos. Ou um conceito guarda-chuva, que abriga muitos significados, quase todos de acordo com o uso pretendido.

Pois bem, vendo as imagens destes protestos, assistindo as entrevistas e as reportagens - principalmente as feitas pelos repórteres das emissoras brasileiras - a sensação que fico é que cabe de tudo nas manifestações. Talvez por isso não se consiga identificar os líderes e nem a pauta de reivindicações. É quase uma catarse coletiva, em que cada um reclama do que está apertando os seus calos, ainda que exista um foco em cima de Wall Street (Para ler uma avaliação comparativa sobre a relação entre protestos e mídia aqui e nos EUA, clique aqui).


(fotos do blog Gone Walkabout - It's all about the Journey)

É mais ou menos o que ocorre com Responsabilidade Social Corporativa, cujo foco aparentemente é um atenção empresarial em direção ao social, mas que termina assumindo tantos formatos que nem sempre fica fácil definí-la ou até mesmo identificá-la.
Diversas empresas ainda consideram que cumprir suas obrigações trabalhistas e legais é praticar RSC. Outras fazem uma doação anual de cobertores e anunciam aos quatro ventos que estão sendo socialmente responsáveis.
Para terem algum efeito prático e que realmente modifique o status quo, será que basta a manifestação?



terça-feira, 11 de outubro de 2011

Quebrado


Com base no sucesso da série de filmes -  The Story of Bottled Water, (A História da Água Mineral), The Story of Cosmetics (A História dos Cosméticos) e The Story of Electronics (A História dos Eletrônicos), lançados em 2010, o Projeto “The Story of Stuff” (A História dos Objetos), responsável pelo vídeo já visto por mais de 12 milhões de pessoas desde 2007, lança em 8 de novembro The Story of Broke - Why There's Still Plenty of Money to Invest in a Better Future (A História de “Quebrado” – Porque ainda há muito dinheiro para construir um futuro melhor).

Produzido com o apoio de mais de duas dezenas ambientais, cívicas e organizações justiça econômica, The Story of Broke desafia a sabedoria predominante em Washington que a América está quebrada - quase incapaz de pagar as contas, quanto mais investir em uma economia mais sustentável e justa.

Nas palavras dos criadores: “Os Estados Unidos não estão quebrados, nós somos o país mais rico do planeta e um país em que os mais ricos estão excepcionalmente bem. Mas a verdade é que nossa economia está quebrada, produzindo mais poluição, gases de efeito estufa e lixo do que qualquer outro país. Nestes e em tantas outras maneiras, ele simplesmente não está funcionando. Mas ao invés de investir em algo melhor, continuamos a manter esta"economia de dinossauro 'no suporte de vida, com centenas de bilhões de dólares do nosso dinheiro de impostos. The Story of Broke apela a uma mudança nos gastos do governo para investimentos em soluções limpas e verdes – energia renovável, materiais e produtos químicos mais seguros, resíduos zero e mais – que possam gerar empregos e um ambiente mais saudável”.

Enquanto o filme não é publicado, o projeto se encarrega de pedir donativos. Os assinantes do blog do The Story of Stuff receberam, nesta semana, uma newsletter assinada por Annie Leonard, a ativista que criou o projeto, em que são convidados a contribuir para um fundo de produção 2011. “Hoje, estou pedindo a você para investir na comunidade The Story of Stuff. Ajude-nos a atingir milhões com a mensagem de “The Story of Broke”, fazendo hoje uma contribuição para o Projeto. Se você já doou antes, ou nunca contribuiu, se você pode dar $10 ou $100 ou $1000, precisamos de você agora.”

A causa é nobre. Mas não consigo deixar de pensar em oportunidade de mercado, nicho, marketing....

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Dando nomes aos bois....

Uma das coisas mais interessantes que a internet permite é a livre circulação de ideias, permitindo que o conhecimento seja construído de uma forma colaborativa e totalmente diferente do que ocorria até então.
Esta facilidade no fluxo da informação, infelizmente, também permite alguns problemas como o uso de textos sem citação do autor, a apropriação de produção intelectual alheia, etc e tal.
Recentemente me deparei com um texto meu, publicado na revista Desafio Sustentável (confira aqui), reproduzido no Scribb, uma plataforma de compartilhamento de textos e apresentações. O curioso é que não há nenhuma menção ao autor do artigo, de onde ele foi tirado, nada (veja neste link).
Quem fez o upload do artigo, pelo que me pareceu, tinha a intenção de disponibilizar uma biblioteca de artigos e apresentações relacionadas com Comunicação Corporativa. Uma proposta interessante e democrática. Mas precisa identificar quem pesquisou, estudou, escreveu e publicou cada um dos trabalhos, né? A sustentabilidade começa nestas práticas que envolvem também a forma como nos relacionamos com a produção intelectual.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Justiça determina paralisação de Belo Monte

A Justiça Federal concedeu liminar que determina a imediata paralisação de parte das obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, conforme informou a Justiça Federal do Pará nesta quarta-feira. A liminar concedida na terça-feira proíbe o consórcio Norte Energia, responsável pela usina, de realizar alterações que possam interferir no curso natural do rio Xingu.
As obras de implantação de canteiros e de residências poderão continuar, já que a Justiça reconheceu que essas não interferem na navegação e atividade pesqueira. Caso a liminar seja descumprida, a multa diária a ser cobrada da Norte Energia é de R$ 200 mil. Da decisão ainda cabe recurso ao Tribunal Regional Federal da Primeira Região, em Brasília.
No local onde as obras foram suspensas, são realizadas atividades de pesca de peixes ornamentais pelos associados da Associação dos Criadores e Exportadores de Peixes Ornamentais de Altamira (Acepoat), autora de ação contra a Norte Energia. Segundo a associação, o início dos trabalhos para a construção de Belo Monte irá inviabilizar "totalmente" a atividade pesqueira na região, já que o acesso ao Rio Xingu ficará impedido tanto para pescadores quanto para os peixes.
A Acepoat também alega que a continuidade das obras da hidrelétrica pode resultar na extinção das principais espécies de peixes na região do Xingu. Belo Monte possui 11.233 megawatts (MW) e tem sido alvo de ações judiciais ao mesmo tempo que aguarda a oficialização de mudanças societárias na Norte Energia, sociedade de propósito específico responsável pela implantação da hidrelétrica, da qual a principal acionista é a Eletrobras, com 49,98%.
Uma fonte da cúpula da Norte Energia disse que a empresa ainda não recebeu notificação da liminar, mas que irá recorrer da decisão.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Frente Ambientalista inicia encontros para Rio +20

A Frente Parlamentar Ambientalista iniciou os debates sobre a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a RIO + 20. O primeiro debate abordou o tema “Biomas: preservação, conservação e os serviços ambientais que prestam para a qualidade de vida no planeta”, na última sexta-feira (23/9), na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas, em Manaus, e contou com a participação de Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica. Ao todo, serão debatidos cinco temas, um em cada região do país, escolhidos por afetar diretamente a realidade brasileira e norteados pelos dois eixos básicos da RIO + 20: a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; e o arcabouço institucional para o desenvolvimento sustentável. A programação dos próximos encontros é: Recursos Hídricos, dia 21 de outubro, em Cuiabá (Centro Oeste); Meio Ambiente Urbano, dia 21 de novembro, em São Paulo (Sudeste); Energia, dia 16 de dezembro, em Recife (Nordeste); e Segurança Alimentar, dia 16 de janeiro, em Porto Alegre (Sul). Também está na pauta dos debates o Encontro Em Busca de uma Economia Sustentável dia 27 de março de 2012, em Brasília; e o Encontro do Segmento Parlamentar da RIO + 20, com a presença de parlamentares de todo o mundo, de 25 a 27 de maio de 2012, no Rio de Janeiro (RJ).  A iniciativa é da Frente Parlamentar Ambientalista, em conjunto com a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados e a Fundação SOS Mata Atlântica e conta com o apoio das Assembleias Legislativas dos estados que sediarão os eventos.

Mudança do Clima no Brasil

Recentemente, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou o livro Mudança do clima no Brasil: aspectos econômicos, sociais e regulatórios, que pode ser lido gratuitamente aqui.

Em 437 páginas, o livro traz um debate amplo e extremamente atual sobre as mudanças climáticas e as políticas públicas e ações brasileiras correspondentes a esse fenômeno.
No lançamento, em Brasília, os capítulos do livro foram detalhados em três apresentações: Aspectos regulatórios e sociais das mudanças climáticas no Brasil, As mudanças climáticas nos diversos setores da economia brasileira, e O Brasil e as negociações internacionais sobre mudanças climáticas.
Falando em negociações internacionais, em dois jornais impressos hoje a Rio+20 teve destaque, em O Globo e na Folha de São Paulo. No primeiro, o foco é o evento em si, os resultados que são esperados dele e o papel de destaque do Brasil. Já no segundo, o principal aspecto da matéria é a Amazônia, tema sempre recorrente quando se fala em meio ambiente.
A seguir, a íntegra das notícias: 

O Globo, 27/9/2011

LIDERANÇA BRASILEIRA
Coordenador da Rio+20 quer que encontro produza resultados objetivos

Publicada em 27/09/2011 às 03h03m
Cesar Baima (cesar.baima@oglobo.com.br)

RIO - Daqui a menos de um ano, em junho de 2012, o Rio de Janeiro estará novamente no centro das discussões mundiais sobre o meio ambiente, com a realização da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Mas, se na Cúpula da Terra de 1992 as conversas foram em torno de uma política global, com muitas palavras e boas intenções, mas poucas medidas concretas, o encontro do ano que vem terá foco na ação, com o estabelecimento de metas práticas para o uso dos recursos do planeta, diz Brice Lalonde, coordenador executivo da ONU para a Rio+20.
- Os princípios já foram decididos e agora precisamos de ação, menos palavras e mais compromissos - afirma o diplomata francês, que está no Rio para participar do 4º Congresso Internacional sobre o Desenvolvimento Sustentável, entre hoje e quinta-feira no Píer Mauá. - Teremos metas de desenvolvimento sustentável que serão unidas aos objetivos do milênio. Para cada uma destas metas teremos um plano de ação e uma coalizão de esforços entre as partes.
Um dos caminhos, acredita Lalonde, é a instituição de algum tipo de remuneração pelos serviços ambientais prestados pelos países pobres e em desenvolvimento como forma a incentivar a preservação. Os recursos para isso poderiam vir, por exemplo, da instituição de uma taxa sobre as transações financeiras internacionais, ideia já lançada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e também defendida pelo diplomata francês.
- Precisamos de um novo tipo de cálculo do Produto Interno Bruto que contabilize essa infraestrutura ecológica - diz. - Se esse capital natural não for protegido, todos vão pagar e um dia não teremos água para beber, peixes para comer ou ar para respirar.
Neste sentido, Lalonde aposta que o Brasil pode assumir uma posição de liderança no processo. Com bons sistemas de monitoramento e estatísticas sólidas, o país também já tem políticas internas em que "se paga para preservar", diz Lalonde.
- O Brasil estará no centro do mundo nos próximos dez anos, sediando eventos importantes - lembra. - Todos querem direção, liderança e melhoria da cooperação, e no século XXI serão países como o Brasil que estarão nesta posição.
O otimismo de Lalonde, porém, esbarra na dificuldade das negociações multilaterais características dos últimos encontros da ONU sobre ambiente, que exigem que os acordos sejam aceitos por todos ou não há acordo.
- Temos que melhorar as negociações e discutir quais serão as ferramentas para isso - defende o diplomata.

Folha de São Paulo - 27/09/2011 - 09h37

Organizações discutem prioridades da Amazônia para a Rio+20

DA AGÊNCIA BRASIL
A Amazônia será um dos focos das discussões da Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), a Rio+20, que o Brasil vai sediar em junho de 2012.
Para definir as prioridades da região a caminho da economia verde, um grupo de organizações da sociedade civil, representantes de governos, povos tradicionais, empresários e movimentos sociais estão reunidos nesta terça-feira em Belém para definir uma agenda amazônica para a conferência.
A ideia é debater como aplicar o conceito de economia verde à região, melhorando os indicadores de desenvolvimento sem comprometer a conservação da biodiversidade.
Entre os temas que vão nortear o debate estão a inclusão social e educação, a gestão e consolidação de áreas protegidas e os desafios para efetivar a regularização fundiária nos estados amazônicos.
Também estão na pauta as grandes obras de infraestrutura que os governos têm planejado e levado adiante na região, como a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), alvo de críticas de ambientalistas e movimentos sociais.
O Seminário Regional sobre Economia Verde da Amazônia: Amazônia Rumo à Rio+20 faz parte da iniciativa Diálogos Nacionais, que já discutiu a agenda das regiões Sul e Centro-Oeste para a conferência. As propostas serão apresentadas ao governo e deverão subsidiar o documento que o Brasil apresentará à ONU com as contribuições para o debate.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Questão de geração

Na fila do supermercado o caixa diz a uma senhora idosa que deveria
trazer suas próprias sacolas para as compras, uma vez que sacos de
plástico não eram amigáveis ao meio ambiente. A senhora pediu
desculpas e disse: "Não havia essa onda verde no meu tempo."

O empregado respondeu: "Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha
senhora. Sua geração não se preocupou o suficiente com  nosso meio
ambiente. "

"Você está certo", responde a velha senhora, nossa geração não se
preocupou adequadamente com o meio ambiente.

Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e
cerveja eram devolvidos à loja. A loja mandava de volta para a
fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e
eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas
outras vezes.

Realmente não nos preocupamos com o meio ambiente no nosso tempo.
Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos
escritórios. Caminhamos até o comércio, ao invés de usar o nosso carro
de 300 cavalos de potência a cada vez que precisamos ir a dois
quarteirões.

Mas você está certo. Nós não nos preocupávamos com o meio ambiente.
Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas
descartáveis. Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos, não
nestas máquinas bamboleantes de 220 volts. A energia solar e eólica é
que realmente secavam nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as
roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre
novas.

Mas é verdade: não havia preocupação com o meio ambiente, naqueles
dias. Naquela época tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não
uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço,
não um telão do tamanho de um estádio; que depois será descartado
como?

Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia
máquinas elétricas, que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo um
pouco frágil para o correio, usávamos jornal amassado para protegê-lo,
e não plástico bolha ou pellets de plástico que duram cinco séculos
para começar a degradar.

Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a
grama. Era utilizado um cortador de grama que exigia músculos. O
exercício era extraordinário, e não precisava ir a uma academia e usar
esteiras que também funcionam a eletricidade.
Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o meio
ambiente. Bebíamos diretamente da fonte, quando estávamos com sede, em
vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos.
Recarregávamos as canetas com tinta umas tantas vezes quanto fossem
necessárias, ao invés de comprar uma outra, de plástico, tipo Bic. Os
homens utilizam navalhaspara se barbear, ou aparelhos de gilete, ao
invés usar e jogar fora todos os aparelhos 'descartáveis' e poluentes
só porque a lâmina ficou sem corte.

Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as
pessoas tomavam o bonde ou ônibus, e os meninos iam em suas bicicletas
ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi
24 horas. Tínhamos só  uma tomada em cada quarto, e não um quadro de
tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós
não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas
de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.

Então, não é risível que a atual geração fale tanto em meio ambiente,
mas não quer abrir mão de nada e não pensa em viver um pouco como na
minha época?

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Causas sociais abrirão manhãs de sábado na Globo





A partir de 3 de setembro, a TV Globo colocará no ar um novo programa, Globo Cidadania, que irá englobar cinco programas que já existiam na grade das manhãs de sábado na TV Globo: Globo Educação, Ecologia, Ação, Ciência e Universidade. A nova atração será comandada por Serginho Groisman e reunirá reportagens voltadas às diferentes causas sociais, produzidas em sinergia pelas redações de cada um dos cinco programas.

“Queremos enriquecer a abordagem dos diferentes assuntos, trabalhar com temas, aparentemente complexos, e mostrar, a partir de uma abordagem diferenciada, ao telespectador que estes assuntos fazem parte do nosso cotidiano”, explicou Beatriz Azevedo, diretora de Responsabilidade Social e Relações Públicas da Central Globo de Comunicação (CGCOM).




João Alegria, da Fundação Roberto Marinho, Serginho Groisman e Beatriz Azeredo. (Crédito: TV Globo/Zé Paulo)
Na coletiva de lançamento do Globo Cidadania, realizada em São Paulo nesta terça-feira (16/8), Serginho Groisman, apresentador do programa Altas Horas, antecipou que seu trabalho à frente do programa não se restringirá à apresentação, mas também a reportagens. “Um pouco mais para frente, a minha postura será de fazer algumas intervenções nos cinco programas. Outra possibilidade é a de trazer entrevistados para os estúdios, deixar o programa com uma cara mais homogênea”, contou. Com o Globo Cidadania, o apresentador deixa, após 11 anos, a apresentação do programa Ação.


Antes mesmo de ir ao ar, parte do conteúdo produzido para a televisão será disponibilizado aos internautas na página globocidadania.com.br, disponível a partir do dia 3 de setembro. O portal também abrigará conteúdo exclusivo, passível de compartilhamento com redes sociais, e veiculará informações a respeito das iniciativas sociais da Rede Globo.
Como parte da estratégias de mobilização de diferentes públicos, O Globo Cidadania, após a exibição inédita aos sábados, será reprisado nos canais Futura, Globo News e Globo Internacional.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

O Veneno está na mesa

Impressionante.... Rachel Carson escreveu Primavera Silenciosa, em 1962, mas ainda hoje os agrotóxicos continuam sendo usados em larga escala, especialmente no Brasil. Vale a pena assistir o documentário de Silvio Tendler, disponível neste link: http://youtu.be/8RVAgD44AGg, e cuja sinopse está abaixo:

O Brasil é o país do mundo que mais consome agrotóxicos: 5,2 litros/ano por habitante. Muitos desses herbicidas, fungicidas e pesticidas que consumimos estão proibidos em quase todo mundo pelo risco que representam à saúde pública.

O perigo é tanto para os trabalhadores, que manipulam os venenos, quanto para os cidadãos, que consumem os produtos agrícolas. Só quem lucra são as transnacionais que fabricam os agrotóxicos. A idéia do filme é mostrar à população como estamos nos alimentando mal e perigosamente, por conta de um modelo agrário perverso, baseado no agronegócio.